
Como evitar confundir espanhol com “portunhol”?
Author:
Elyson Gums
Imagine a cena: você está em algum país que fala espanhol e chegou atrasado para encontrar os amigos. Você se desculpa e fala que está embaraçado pelo inconveniente. Todo mundo começa a rir e você não entende nada, até que alguém te explica que embarazado significa grávido!
Pois é, nessa história aí, você foi vítima do portunhol, aquela clássica mistura do português com o espanhol. Muitas palavras e frases que até parecem estar certas, na verdade, têm significados contrários ou que só não fazem sentido mesmo.
Um embarazada aqui, um cartón ali… E pronto, você já se meteu em confusão e nem sabe.
Neste artigo, você entenderá as origens do portunhol, por que ele é tão comum, os principais erros e quando pode ou não pode usar.
O que é portunhol?
O portunhol é uma mistura improvisada entre português e espanhol, que surge quando alguém tenta falar em um desses idiomas sem dominá-lo completamente. É muito comum com turistas brasileiros que visitam a América Latina e vice-versa.
Ele resulta em frases que até parecem certas, mas que não enganam quem sabe o idioma de verdade. O portunhol junta palavras parecidas, adapta regras gramaticais e cria combinações que não existem no idioma formal. Geralmente, é usado em situações informais, quando uma pessoa precisa “se virar” para conseguir conversar.
As principais diferenças entre espanhol e portunhol
Muitas vezes, o espanhol e o português parecem “quase a mesma coisa”, pois diversas palavras e estruturas de frases são parecidas. No entanto, os dois idiomas têm diferenças de vocabulário, fonemas, regras gramaticais, uso de pronomes de gênero, entre muitos outros detalhes.
Quando não há domínio sobre essas características, surgem as adaptações, criadas com base no conhecimento limitado sobre a língua. É daí que surge o portunhol.
As principais diferenças entre português e espanhol são:
- Vocabulário: certas palavras que existem em um idioma não existem no outro. No portunhol, isso dá origem a termos como cartón de crédito ou sorviete;
- Falsos cognatos: certas palavras são muito parecidas, mas com significados diferentes, um como o falsos cognato embarazada mencionadono começo deste artigo;
- Pronúncia: certos sons do espanhol, como o rr de perro ou o j em trabajo não são comuns em português;
- Gramática: certas frases têm estruturas completamente diferentes. Yo fui en la playa, por exemplo, vira eu fui à praia;
- Acentuação: alguns acentos também são diferentes. O espanhol usa caracteres como ñ, expressando sons próximos do “nh” português. Além disso, o idioma não tem a crase, comum em português;
- Pontuação: o espanhol usa ¿¡ para abrir perguntas e exclamações, ao contrário do português.
Erros de portunhol que você deve evitar ao falar espanhol
As diferenças entre os idiomas dão origem a vários tipos de frases que soam corretas para quem fala portunhol, mas geram aquelas de reações de “espera, do que você tá falando?”.
Veja abaixo as principais armadilhas do portunhol, que a maioria das pessoas erra e nem percebe:
- Estoy borracha: significa “bêbada” em espanhol, não tem nada a ver com o material escolar;
- Un rato: significa “um tempo” em espanhol. O roedor é o ratón ou a rata;
- Salada: significa algo com muito sal em espanhol. A salada em português, com verduras, é a ensalada;
- Apellido: é o sobrenome em espanhol;
- Fim de verbos: no espanhol, a grafia de verbos no plural termina em n, como hablan. Em português, termina com m, como falam;
- Concordância de gênero: palavras que são masculinas em português, podem ser femininas no espanhol, como el puente (a ponte);
- También no: o termo não existe em espanhol, o correto é tampoco. Essa palavra também existe em português (tampouco), mas é bem menos comum;
- Mucho e muy: pode causar confusão porque em português, existe apenas muito. No espanhol, mucho acompanha substantivos e verbos, enquanto muy acompanha adjetivos e advérbios;
- El, en, al: são artigos e preposições em espanhol, que frequentemente causam confusões (assim como in, on e at do inglês);
- Abrasileirar palavras: são adaptações de palavras em português, com sons comuns no espanhol, como sorviete (sorvete), bolito (bolinho), entón (então).
Situações em que o espanhol é necessário
O portunhol até quebra um galho em situações informais, como na hora de fazer um pedido no restaurante ou em conversas com amigos da América Latina, mas ele é só isso: uma solução temporária.
Em várias situações, o improviso não cola e você precisa dominar de verdade o espanhol. Por exemplo:
- Em reuniões de trabalho, usar o portunhol gera ruídos de comunicação e passa uma imagem de despreparo;
- Em apresentações de eventos, torna a fala confusa e faz a plateia perder o interesse;
- Na redação de documentos ou contratos, tira a credibilidade e pode até causar riscos legais, dependendo do tamanho do erro no idioma;
- No atendimento aos clientes, cria uma péssima experiência para os consumidores;
- Em processos seletivos, pode ser motivo para eliminação. Na maioria dos cargos que exigem o domínio do idioma, “falar mais ou menos” não serve.
Ou seja, você pode considerar o portunhol uma muleta. Se você viaja de vez em quando para a América Latina, tudo bem usar na hora que esquecer uma palavra ou precisar improvisar uma frase.
Mas nas aplicações mais sérias, como viagens de negócios ou vida acadêmica, se apoiar nele prejudica a sua credibilidade e pode até limitar o seu crescimento.
Como um curso de espanhol pode ajudar?
Um curso de espanhol online é a forma mais rápida de aprender o idioma de verdade. Por ser um idioma fácil para brasileiros, muita gente pensa que dá pra aprender espanhol só falando mesmo, sem aulas formais.
É justamente nessas situações que o portunhol começa a dar as caras. Imprevistos acontecem, as palavras escapam e, sem uma base no idioma, surgem as invenções e misturebas.
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